sexta-feira, 16 de março de 2012

Loucos e Santos
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
 
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
 
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
 
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
 
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
 
Para isso, só sendo louco.
 
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
 
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
 
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
 
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
 
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
 
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
 
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
 
Não quero amigos adultos nem chatos.
 
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
 
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
 
Tenho amigos para saber quem eu sou.
 
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

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